O mundo corporativo é feito de cases de sucesso, empresas que se tornam grandes referências em seu segmento de atuação. A Kodak é uma delas, ou pelo menos foi. A empresa que por muitos anos brilhou como o principal nome no ramo de componentes fotográficos, viu seu declínio quando optou por não seguir as mudanças da época e as necessidades e vontades de seus usuários.
Durante sua história, a empresa teve como carro chefe os filmes fotográficos. No entanto, Steve Sasson, um engenheiro da própria Kodak, criou a primeira câmera digital no ano de 1975. Mesmo que inovadora, a Kodak era uma empresa industrial do século XX, com pensamento e comportamento do século XX, no qual as mudanças de mercado eram lentas.
Seus proprietários não deram a atenção necessária para as mudanças profundas no mercado de fotografia que estava se digitalizando – assim como as soluções financeiras – pela tecnologia, e que o mercado tradicional seria praticamente destruído pelo modelo digital.
O que a Kodak tem a ver com (e o que é) o Beyond Banking?
Mas, o que toda essa história da Kodak tem a ver com o nosso assunto de hoje? Tudo! Assim como a gigante Kodak, muitas empresas direcionam seu olhar apenas para um de seus produtos ofertados. Isso, causa a limitação do desenvolvimento da própria empresa e, automaticamente, a redução dos ganhos.
“É inevitável que os bancos em geral ampliem suas ofertas de produtos e serviços olhando além de produtos financeiros”, explicou Renato Lulia, diretor de relações com investidores e inteligência de mercado do Itaú, em entrevista ao site O Valor. Isso seria uma maneira simples para explicar o conceito de beyond banking e porque a história da Kodak tem relação com o tema.
O beyond banking é uma estratégia de negócio no qual bancos e outras empresas financeiras oferecem serviços e produtos que vão além dos financeiros. É pensar maneiras disruptivas de entregar muito além do que está previsto no segmento da empresa. Espera-se que os bancos ofereçam aos usuários serviços como conta, cartões de crédito/débito, empréstimos, entre outros. Mas, na verdade, é possível que eles construam novas frentes como na área da saúde, habitação e até mesmo logística.
No caso das instituições financeiras, elas podem ser beneficiadas pelos novos modelos de negócios que são mais relevantes para os clientes que precisam de serviços bancários, e não necessariamente do banco. Isso é o que explica a diretora de inovação da ING, instituição financeira que oferece serviços de banco, seguros e investimentos, Annerie Vreugdenhil em publicação no site Finextra.
Agregando valor para os clientes
Atender as reais necessidades dos usuários é fundamental e tem sido tema constante das agendas de transformação. Ofertar apenas aquilo que já é seu carro chefe, muitas vezes não é o suficiente para os clientes de hoje em dia. Com tantas transformações ocorrendo, eles querem mais e mais. Por isso, propor outras possibilidades é uma maneira de atrair os mais variados públicos.
O Brasil é um país que possui um elevado número de desbancarizados, por exemplo. Assim, pensar estratégias e investimentos que conquistem esta parcela da população pode ser um ponto positivo para o seu negócio. Hoje, sua empresa não pode se comunicar apenas com a base de clientes, ela precisa ser cada dia mais abrangente e mirar em novos usuários.
Nesse sentido, a criação de novos produtos e serviços pode ser feita através do uso de APIs (Application Programming Interface) que, em tradução para um português literal, seria o mesmo que Interfaces de Programação de Aplicações. Em outras palavras, as APIs são rotinas com padrões de programação que permitem o desenvolvimento de aplicações associadas a serviços digitais.
Quem já está ampliando – e muito – os serviços
Para deixar mais simples de entender todo esse processo, que tal usar alguns exemplos? Pois bem! Diversos bancos foram além das contas correntes, cartões de débito/crédito, empréstimos etc..
Vamos começar pelo roxinho, um dos mais queridos pelos brasileiros. No final do ano passado, o Nu Bank firmou uma parceria com gigantes do e-commerce como Magazine Luiza e a chinesa AliExpress ao fundar o seu próprio marketplace.
Também foram firmadas parcerias com empresas como Dafiti, de roupas e calçados, e a Allied, uma das maiores distribuidoras de smartphones do país. Com esta nova frente, a fintech pretende ampliar a recorrência de uso do aplicativo pelos clientes, ponto que irá colaborar no aumento do uso de serviços financeiros na sua plataforma.
Outro exemplo que podemos citar é o banco Inter. A instituição financeira passou a ofertar direto em seu aplicativo a opção de plano de saúde. Uma frente de serviço bem diferente do que vinha sendo oferecido pela empresa.
Direto no aplicativo do banco os clientes podem escolher os planos coletivos por adesão de operadoras, contendo entre elas Amil, Bradesco, Grupo NotreDame Intermédica, Hapvida, SulAmérica e empresas do sistema Unimed, entre outras.
Pensar e ir sempre além é o que nos faz chegar mais longe, e com o beyond banking, essas possibilidades existem. Não pare no tempo, não seja a Kodak (que aliás, entrou em falência em 2012) do seu segmento!
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Fontes:
https://www.finextra.com/the-long-read/193/three-beyond-banking-opportunities-banks-cant-ignore
https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/empresas/noticia/2021/05/24/com-a-palavra-itau-oferecer-mais-do-que-produtos-financeiros-e-inevitavel-para-crescer.ghtml
https://blog.aaainovacao.com.br/kodak-motivo-da-falencia/
https://invest.exame.com/mf/nubank-estreia-seu-marketplace-e-passa-a-vender-de-celular-a-sapato
https://invest.exame.com/mf/inter-fecha-parceria-com-a-qualicorp-e-vendera-planos-de-saude-pelo-app
