Como já havíamos falado em outras postagens (muitas, aliás), as instituições financeiras tradicionais estão “caindo no desgosto” dos usuários desde que os bancos digitais chegaram ao mercado. Elas não estão necessariamente perdendo seus clientes, mas o fato é que, entre utilizar o serviço oferecido pelo banco tradicional ou pelo digital, os usuários têm escolhido a segunda opção.
Isso é o que mostra o estudo “Transformação Digital na América Latina – 2021”, construído pelo fundo de venture capital Atlântico, a partir de dados do aplicativo de gestão financeira Guiabolso. Segundo o estudo, este cenário começou a se desenhar com mais ênfase no final do ano passado e, ao que tudo indica, não existe a possibilidade de voltar.
Os avanços tecnológicos que estão ocorrendo na América Latina em geral, no Brasil em particular, permitiram que novos processos surgissem, mas isso se deu principalmente com as fintechs. “Os investimentos de capital, tanto de empresas locais como de companhias de outros países aumentaram com a pandemia da Covid-19, que traçou um novo panorama para os países dessa região. Nos próximos anos, devem ser impactados positivamente cada vez mais”, explicou o managing partner do Atlântico, Julio Vasconcellos, em matéria no site Fintech Brasil.
Esta preferência pelas instituições digitais já estava sendo monitorada e pode ser comprovada ao longo de 2021. Em abril, uma pesquisa realizada pelo C6 Bank/Ipec mostrou que 57% dos brasileiros com acesso à internet já possuíam conta em bancos digitais, o que demonstra a aderência dos usuários às startups financeiras.
Outro aspecto que evidenciou o favoritismo pelos bancos digitais foi o aumento no uso dos aplicativos destas entidades. Com a pandemia, sair de casa para resolver assuntos bancários não era possível. Por isso, os players que conseguissem resolver problemas sem que o usuário precisasse ir até uma agência física, cairiam no gosto dos clientes.
E foi exatamente o que aconteceu! Um levantamento realizado pela UBS Evidence Lab, mostrou que, já em 2020, o número de downloads de aplicativos dos bancos digitais atingiu a porcentagem de 52%, ultrapassando pela primeira vez o número de downloads de instituições financeiras tradicionais.
Ao infinito e além!
Mas, o que vem acontecendo no mercado das fintechs que está a todo vapor e que não para nem para um cafezinho?! O estudo feito pelo Atlântico apontou que o boom das startups financeiras na América Latina se mantém em velocidade. E isso se deve a vários motivos. O fato de os usuários possuírem mais de uma conta, é um deles.
Em julho do ano passado, a participação de bancos tradicionais entre clientes com várias contas ainda estava em alta, chegando a atingir 65%, e os neobanks eram usados em apenas 35% das operações realizadas pelos usuários do Guiabolso, base de dados que serviu de suporte para o levantamento do Atlântico. Contudo, os meses se passaram e o gráfico se inverteu: os bancos digitais atingiram 62% do total de operações da base pesquisada em novembro de 2020, fazendo com que os bancos tradicionais caíssem para 38%, como mostra o gráfico a seguir:
Fonte: Estudo Transformação Digital na América Latina – 2021,
realizado pelo Venture Capital Atlântico a partir de dados do Guiabolso.
Além de constatar a maior utilização dos bancos digitais pelos usuários, o levantamento também mostra o valor de mercado das startups da região, que em 2019 era de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) e no ano passado passou para 2,3%. Atualmente esse valor já representa 3,4% do PIB total, e vem crescendo ano após ano.
Junto a isso, vem o aumento dos números e valores dos unicórnios (startups que possuem avaliação de preço de mercado no valor de mais de 1 bilhão de dólares) dos países latino-americanos, que praticamente dobrou. Enquanto em 2018, surgiram somente 4 unicórnios no continente, a América Latina já atingiu o número de 27 startups do tipo este ano.
Em 2018, os unicórnios latino-americanos movimentaram cerca de US$ 9 bilhões. Mas, nos anos seguintes, os valores foram crescendo, chegando a 35 bilhões em 2019 e 46 bilhões de dólares em 2020, mas o boom aconteceu este ano, quando o valor já chega a casa de US$ 105 bi.
Esta explosão das fintechs na América Latina e no Brasil, está indo além dos bancos digitais e dos meios de pagamentos. Com ela, está ocorrendo a integração de serviços e produtos financeiros com outras categorias, como saúde, software de RH e e-commerce, assim, criando novas possibilidades e modelos de negócios.
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Fontes:
https://fintechsbrasil.com.br/2021/10/15/clientes-com-contas-em-mais-de-uma-instituicao-financeira-preferem-as-digitais-diz-estudo/
https://www.atlantico.vc/